Teclas gastas chamam pelas carícias dos meus dedos...
Ansiosas como uma noiva na noite de núpcias,
Olho para elas e lembro flocos de neve no teu cabelo...
Que saudades desses dias, dos medos que ambos partilhámos e que vencemos...
Que esperança no futuro... de revê-los a adornar o teu semblante que me enlouquece...
Teclas gastas, dedilhadas como cordas de uma viola numa melodia suave...
Trémulas com a precisão de cada toque, que descreve o que elas sentem.
Olho para elas e vejo a composição aparecer como um quadro a ser pintado...
E as palavras, que se atropelam, saem dos meus dedos qual tinta num quadro abstrato...
Quais gemidos matinais de quem se ama de verdade... desconexos, mas expressivos.
Teclas gastas, teclas silenciosas agora... depois da mensagem escrita,
A melodia confunde-se com a imagem criada...
E a obra nasce, com sentimento, com a certeza que os teus olhos se lembram do que descrevo...
Uma imagem que nos liga, e nos relembra de felicidade conjunta, nesses dias inaugurais...
Tanta quanto os flocos de neve no teu cabelo.
E, pelos teus olhos generosos, o teu coração sorri...
Olha para o lado e vê a obra-prima que criámos...
Em paz, feliz...
Dos meus dedos, aos teus olhos, ao teu coração...
De mim e de ti...
E eu, a pensar na neve nos teus cabelos... adormeço para sonhar acordar ao teu lado...